Comprar ou Construir? Como decidir?
Construir um barco é um sonho de muitas pessoas. Porém, é um sonho que demanda um investimento de tempo, trabalho e recursos. Por isso, surge com frequência a dúvida: vale mais a pena comprar um barco usado ou construir um barco novo, a partir de um projeto personalizado? Vamos analisar este dilema mais a fundo.
Vantagens de construir uma nova embarcação:
- Mais opções de escolha: A grande vantagem de fazer um barco a partir de um projeto escolhido pelo proprietário ou construtor, é que você pode ter o barco mais adequado para suas necessidades. Considerando que o mercado brasileiro é limitado em termos de opções, este é realmente um grande diferencial.
- Barcos construídos são novos: Barcos novos oferecem segurança de uma navegação sem a dor de cabeça de ter que lidar com uma rotina de reforma e reparos. Barcos construídos em técnica moderna de madeira-epóxi, oferecem resistência e confiabilidade. E recebendo manutenção correta duram para sempre. A rotina de manutenção será conhecida por você.
- Construir um barco é uma experiência enriquecedora: Quem constrói um barco (mesmo que este seja feito por um estaleiro), participa ativamente do proceso de construção aprende e conhece seu barco de alto a baixo, sabe onde passa a fiação, sabe que componentes foram instalados, a qualidade dos mesmos, onde ficam, e aprendem como barcos devem ser reparados caso necessário. torna-se dono realmente da embarcação, e não depende de mão de obra terceirizada, ou caso contrate, sabe exatamente o que será realizado na embarcação.
- Barcos de compensado-epóxi aproveitam melhor o espaço interno: Barcos construídos em compensado sem cavernas aproveitam o casco de costado a costado, e como são construídos sem moldes, não precisam dos ângulos de desmoldagem de peças internas do convés, assim o mobiliário é mais racional e aproveita muito melhor o espaço interno. Além disso todo o layout pode ser personalizado sem que isto acarrete em custo adicional.
E o Barco Usado?
- Osmose: Barcos usados serão quase que sempre fabricados em fibra de vidro com resina poliéster. Diferente da resina epóxi, a resina poliéster não é impermeável. Por melhor que seja sua fabricação e manutenção, a resina poliéster absorverá água por osmose, um processo através do qual a água penetra na resina, e progressivamente tira a resistência do laminado. A osmose ocorre sempre que a água tem contato com a resina do casco, devido a rachaduras e danos no gelcoat. Trincas e rachaduras no gelcoat acontecem ao longo da vida útil do casco naturalmente, devido às tensões a que o casco está submetido ao navegar, e são difíceis de detectar. Reparos feitos com resina poliéster (quase sempre são feitos assim) aceleram o processo de osmose devido às propriedades ruins de colagem secundária da resina poliéster. Fora do Brasil os estaleiros usam resina epóxi ou éster-vinílicas para colagens e em peças estruturais, e às vezes no casco todo. Não é nossa realidade. Porém, é muito fácil disfarçar um reparo num casco com gelcoat (fica com cara de novo), e você só vai descobrir onde estão os pontos fracos e as armadilhas do casco quando for tarde demais.
- Custo de aquisiçãoXcusto de manutenção: Barcos usados certamente podem ser adquiridos por um preço muito interessante à primeira vista, porém é preciso ter em conta que um barco usado terá que passar por manutenção mais cedo e com mais frequência do que um barco novo, e no caso de um barco de fibra de vidro, você nunca terá um barco com a mesma qualidade, pois a osmose é um processo irreversível. Alterar o sistema elétrico para instalar novos equipamentos pode ser difícil se você não sabe por onde passa a fiação ou se tudo fica escondido embaixo de forrações feitas para disfarçar o aspecto ruim da parte interna do casco.
- Poucas opções de modelos e métodos construtivos: O mercado brasileiro é limitado, e por isso os fabricantes tendem a vender o que pensam que a maioria das pessoas quer. Como os barcos tem que ser feitos em série para reduzir os custos do molde, não há muita liberdade para alterar layout interno, ou para desenhos de casco mais radicais. Além disso, não há muitas opções de barcos feitos com modernas técnicas de madeira-epóxi. Assim, o comprador fica sem opções pelo mercado oferecer somente barcos em fibra, que aproveitam mal o espaço interno devido às limitações de desmoldagem de suas peças, criando assim espaços mal aproveitados.
Exemplos de conceitos radicais que não existiriam se fossem feitos em série
Para ilustrar o que dissemos acima, vamos mostrar três barcos que não existiam no mercado brasileiro, mesmo sendo incríveis e tendo grandes qualidades. Hoje é possível ver estes barcos navegando graças às técnicas de construção baseadas em compensado-epóxi.
GP 28
O GP 28 tem um casco com um projeto inédito, com seu ângulo de popa bem aberto (lanchas de mar tradicionalmente tem um V mais fechado) e proa cortante. O resultado é um barco que plana com pouco esforço em mar tranquilo, mas oferece conforto e segurança em mar aberto, sem caturrar e bater. Além disso tem ótima estabilidade inicial e é muito mais confortável ancorado. O layout interno pode ser modificado de acordo com a necessidade, pois o casco depende de poucas estruturas transversais. Pode usar 3 tipos de motorização (centro, centro-rabeta ou popa).
Peregrino 190
O veleiro Peregrino 190 é um barco inspirado nos catboats da costa nordeste dos EUA. Antigos barcos de trabalho e pesca, se tornaram excelentes veleiros de esporte e recreio no início do século XX. Tão bons que seu desenho praticamente não se alterou desde então: boca muito elevada em relação ao comprimeto, oferecendo espaço interno e estabilidade, dispensando lastro, e permitindo encalhar nas praias, sem necessidade de um bote de apoio.
Jaú 210
O Jaú 210 é um barco casa de apenas 6,4m de comprimento, com pé direito de 1,80m e acomodações para pernoite de 4 pessoas. Parece impossível neste tamanho? Esta é a vantagem de um projeto sob medida. Seu visual inusitado choca a primeira vista, mas quem entra nele vê que o estranhamento é infundado. O barco é uma verdadeira casa, e oferece conforto encontrado somente me barcos de 30 pés, como um banheiro em que se pode tomar uma ducha em pé, um salão que se converte em cama de casal, dois beliches na proa, e um salão aberto na popa. Além disso, o teto é um solário, assim, cada canto do barco tem uma utilidade.