Seu primeiro barco está pronto! E agora?

Seu primeiro barco está pronto! E agora?

Muitos de nossos alunos estão construindo o primeiro barco em que vão velejar. Este artigo é para orientar velejadores iniciantes em suas primeiras velejadas com segurança.

Então seu barco ficou pronto! Agora que seu casco está pronto, você armou sua mastreação e já tem sua vela pronta para içar, é hora de fazer seus primeiros testes. Alguns cuidados devem ser tomados para que estas primeiras navegadas sejam seguras e tranquilas. Mares, rios e represas, por mais abrigados que sejam, são natureza, meios que você não controla, e você deve aprender a conhecer e respeitar. Siga as dicas abaixo para um aprendizado divertido, seguro e prazeroso.

Segurança dos tripulantes

Independentemente do local onde vai navegar e de sua experiência como velejador, é importante garantir a segurança de todos os tripulantes, mesmo em embarcações pequenas navegando próximo à margem.

  • Equipamento de flutuação individual: TODOS os ocupantes da embarcação devem vestir um colete salva-vidas homologado e com cintas em boas condições, corretamente ajustados ao corpo e de capacidade e tamanho coerentes com altura e peso dos tripulantes. Mesmo que você seja um excelente nadador, o colete é fundamental, pois você não sabe em que condições cairá na água (uma retrancada na cabeça pode temporariamente dificultar sua capacidade de nadar), nem por quanto tempo terá que ficar boiando.
  • Avise sobre sua velejada: Se sair de uma marina, deixe registrada a hora da partida, hora prevista de retorno e rota pretendida. Saindo de uma lagoa, praia ou outro lugar, avise parentes ou amigos. Assim, se você demorar a voltar, eles poderão buscar ajuda para você. Alguns aplicativos permitem que você compartilhe sua localização em tempo real. Assim será fácil encontrar você em caso de algum problema. Os barcos Madeira Mar tem compartimentos estanques e não afundam. Assim, se o barco virar e você não conseguir desvirar, ficar sobre o casco será a maneira mais segura de você ser resgatado.
  • Kit básico de segurança: Além dos coletes, você deve levar, em um compartimento estanque, celular carregado, agasalhos, caso esfrie, e água potável. Um par de remos é fundamental para pequenos veleiros. Nem sempre você conseguirá velejar até um lugar seguro, devido a ventos contrários e correntezas. Em veleiros maiores, como o pequeno príncipe 135, siga as orientações da NORMAN 03, e tenha à bordo uma bóia circular e cabo flutuante, e, embora para navegação interior você não precise de pirotécnicos, convém levar ao menos um sinalizador. Um rádio VHF de mão pode ser muito útil se precisar de socorro em áreas sem sinal de celular.
  • Escolha bem onde navegar: Se você não tem experiência como velejador, escolha para suas primeiras velejadas uma represa ou lagoa sem correnteza, em um dia de tempo bom e vento moderado. Ventos fracos são muito ruins para aprender, pois você pode ficar à deriva ou ter dificuldade para orçar. Ventos muito fortes são perigosos para quem não tem experiência. Jaibes involuntários podem ferir os ocupantes com os movimentos bruscos da retranca, ou até virar o barco. Entre 5 e 10 nós de vento é perfeito para iniciantes velejarem em nossos veleiros. Outra questão é a facilidade de acesso. O ideal são locais com praias onde você possa equipar e armar seu barco na margem, e deois empurrá-lo para a água e embarcar em uma posição que permita sair com vento de través.
  • Atenção a correnteza e marés: Nem sempre você será capaz de encontrar uma represa de água parada. Em baías, canais e barras de rio é possível encontrar águas abrigadas, sem ondas, com bons ventos. Porém, é preciso estar atento às marés. Em áreas de mar abrigadas, a subida e descida das mrés em geral produz correntezas, cujo sentido e intensidade variam. É importante conhecer como as marés influenciam as correntezas em sua região. Converse com velejadores mais experientes, pescadores, e busque na internet informações sobre este lugar.
  • Baixe um aplicativo de previsão de tempo: Aplicativos gratuitos de previsão de tempo e auxílio a navegação são fáceis de encontrar e baixar em seu celular. Eles oferecem previsões de tempo com razoável precisão, direção e intensidade do vento, horário das marés e outras informações úteis a velejadores.
  • Estude as cartas náuticas de sua região: A Marinha do Brasil oferece cartas náuticas baixáveis no link Cartas Raster | Centro de Hidrografia da Marinha. Você pode baixar cartas de todo o litoral brasileiro, e também dos principais rios como Amazonas, Madeira, Tietê, Araguaia e vários outros. As cartas informam profundidades, perigos isolados, e pontos de referência na costa que você pode suar para se orientar, como torres de igreja, acidentes geográficos, entre outros. Quando você anda de carro em um lugar desconhecido, usa o gps do celular, certo? Não sai por aí dirigindo a esmo. O mesmo princípio vale para quem vai navegar.
  • Aprenda a velejar: Se você nunca velejou, nem conhece um velejador mais experiente que possa ir contigo em suas primeiras velejadas, convém aprender a velejar em um curso. Marinas e clubes de vela em geral são bons lugares para se informar sobre um curso de vela. Cursos em veleiros monotipos são os mais indicados, pois são acessíveis, baratos e você vai aprender rápido. Veleiros pequenos exigem atenção e respostas rápidas, e aceleram seu aprendizado.
  • Aprenda a navegar em seu barco: Você enviou dezenas, ou centenas de mensagens para nosso suporte, quando teve dúvidas sobre a construção de seu barco. Se você tem dúvidas sobre como regular corretamente as velas de seu barco ou como fazer manobras básicas, entre em contato com nossa equipe e tire suas dúvidas.
  • Tire seu Arrais: Embora não seja obrigatório possuir a habilitação de arrais amador para conduzir embarcações não registradas em águas interiores, é altamente recomendável obter seu arrais. Você terá que fazer 4 horas de aula prática embarcado, e adquirir diversas habilidades que serão importantes para você navegar com autoconfiança e segurança. Vai estudar primeiros socorros, normas de tráfego e de preferência de passagem, e diversos outros. Faça um simulado para avaliar como está seu conhecimento do conteúdo da prova de Arrais Amador: Simulado | Via MarÍtima (viamaritima.com.br).

A recomendação geral para quem quer aprender a navegar, é fazer o mesmo que você fez quando começou a construir seu barco: adquira conhecimento! Leia sobre o assunto, faça um curso, tire seu arrais amador. E treine muito, primeiro em águas abrigadas e sem vento, e depois progressivamente se desafie em ventos mais fortes e mares mais agitados. Sempre com muita cautela, preparação e responsabilidade.

Como avaliar o melhor lugar para velejar pela primeira vez: o exemplo de Florianópolis

Conhecer a dnâmica das correntezas e marés é importante. Por exemplo, navegando no canal de Florianópolis (entre a ilha e o continente), é preciso estar atento à correnteza de maré. Quando a maré sobe, uma correnteza forte se forma de norte para sul, porque o canal sul é muito mais estreito do que o canal norte. Próximo à ponte Hercílio Luz, o canal se estreita, e a correnteza adquire maior velocidade. Assim, não se deve velejar em direção à ponte se você estiver no canal norte, com a maré enchendo, em especial se o vento for de nordeste. A correnteza vai dificultar o retorno, mais ainda se você precisar ir contra o vento.

Rios próximos ao mar também merecem atenção. Quando a maré sobe, muitos rios correm ao contrário próximos à barra, como acontece na Barra do Rio Aririú, na Palhoça. Em lagoas que tem ligação com o mar, correntes de marés se formarão próximas à barra do rio, e em estreitamentos como na passagem, na Lagoa da Conceição, entre a lagoa de cima e a de baixo.

O regime de ventos também deve ser estudado. Lagoas e represas nem sempre são lugares fáceis de velejar. Lagoas cercadas por morros tendem a ter mudanças bruscas de direção do vento quando se aproximam dos morros. Os velejadores dizem que o vento “ronda”. Por isso nem sempre é fácil navegar em represas. Na Laga da Conceição, por exemplo, a área da lagoa de baixo próxima ao Centro da Lagoa, em dias de vento sul, fica na sombra de um morro, e com vento sul fraco, é quase impossível velejar. Outras partes da Lagoa são mais apropriadas para velejar com vento sul. Com vento nordeste forte, pode-se velejar em qualquer lugar da lagoa, mas próximo à margem haverá mudanças bruscas de vento, que exigem atenção permanente e respostas rápidas. Porém, seu aprendizado será mais eficiente.

Na barra do rio Aririú, em Palhoça, no canal sul da ilha de Florianópolis, por exemplo, temos uma situação peculiar. O rio se alarga criando uma lagoa pequena, mas cuja correnteza é lenta em qualquer direção. Devido à vegetação do mangue, há razoável proteção. Assim, a água é sempre plana, sem ondas, mas os ventos são generosos, especialmente o nordeste, e não rondam pois a vegetação é baixa. A barra é pequena, então é possível chegar rapidamente à margem. Um lugar perfeito para treinar e aprender. Além disso, o acesso de carro é fácil e há vários pontos para descer o barco na água. As rampas naturais são íngremes o suficiente para baixar bolinas e leme assim que o barco começar a velejar, outro fator importante.

Os exemplos acima mostram alguns aspectos que você deve levar em conta na hora de escolher um local para velejar. Conheça sua região, fale com outros velejadores. Talvez você os conheça, do grupo de construtores do Madeira Mar Estaleiro Ecola, ou de outro grupo de que faça parte. Talvez algum deles tope velejar com você e te dar umas dicas. Acredite, você vai encontrar muitas pessoas dispostas a velejar em seu barco, e elas vão adorar te ensinar como velejar.

A medida em que você adquirir experiência e conhecimento, vai poder fazer velejadas mais longas, e expedições, em áreas cada vez mais distantes da costa. Conheça seu veleiro, e conheça o mar em sua região.

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2 comentários

  1. Marcelo disse:

    Sempre nos presenteando com um pouco a mais de conhecimento!

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